quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Eu desvio de fumantes na rua.
Não como quem desvia de um cego, para não atrapalhá-lo, mas como quem desvia de um portador de gripe aviária, para não se contagiar.

É automático. Quando eu os vejo se aproximando, com seu odor desagradável e fumaça letal, me desloco mais para o lado, temendo ser contaminada com o cheiro ou inalar seu gás.
Ainda sonho com o dia em que viverei em um daqueles lugares evoluídos em que é proibido fumar em locais públicos. Afinal, que culpa eu tenho se as pessoas não gostam de seus pulmões? Eu gosto dos meus e não quero piorar o seu já debilitado funcionamento.

Eu tenho amigos fumantes e não saio correndo quando os vejo. Mas eles bem sabem como eu encho o saco para que evitem alimentar seus vícios em minha presença. Não tento mais convencê-los (salvo raríssimas exceções) a interromper seu suicídio a longo prazo. Já passei dessa fase. Hoje, só o que peço é que respeitem a amiga portadora de rinite alérgica, com baixa resistência a tabaco e outras toxinas aspiráveis.
Felizmente, a maioria dos meus amigos fumantes me respeita.

Mas, infelizmente, os fumantes do mundo, em sua maioria, não são meus amigos.
E eu continuo tendo que desviar deles na rua.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Anemia psicológica

Minha avó tem paranóia com a minha alimentação.

- Você vai comer só isso?
O prato está cheio.
- Só, vovó.
- Essa menina vai ficar anêmica...

Paranóia mesmo.

- Quer que eu faça um lanchinho para você?
- Não, vovó, obrigada.
- Você não pode ficar sem comer!
- Vovó, eu acabei de almoçar.
- Já faz duas horas que você almoçou!

Com coisas que não fazem sentido algum.

Cerca de uma hora depois de comer a sobremesa:
- Sabia que se você comer de três em três horas você não engorda?
- Vovó, eu não estou preocupada em engordar. Eu simplesmente não estou com fome.
- Mas não precisa se preocupar, você não está gorda. Você está bonita!
E eu não me lembro de ter falado da minha aparência. É impressão minha ou minha avó me chamou de gorda?

Às vezes isso acaba com a minha paciência.

- Comprei danone para você.
- Obrigada, vovó.
Abri o danone e virei de costas para pegar uma colher.
- Você não vai comer?!

Mas não adianta. Comendo ou não, ela nunca pára.

Depois de almoçar e comer o bendito danone:
- Você só vai comer um? Tem mais ali!

domingo, 3 de agosto de 2008

O bicho-papão

Adoro contar histórias sobre a minha infância.
Quando eu estava na primeira ou na segunda série, eu tinha aulas no prédio do fundamental I (óbvio), mas as aulas quinzenais de informática eram no prédio do infantil. Durante uma dessas aulas, eu precisei usar o banheiro e, enquanto estava dentro da cabine, duas menininhas do infantil (que eu, do alto dos meus sete anos, julgava serem muito mais novas do que eu) entraram no banheiro e bateram na porta da minha cabine.
- Quem está aí? - perguntou uma delas.
E eu, num ato de não-sei-que-sentimento, respondi, com o que eu acreditava ser uma voz grossa e assustadora:
- É o bicho-papãaaao!
As meninas gritaram e saíram correndo.
Eu poderia dizer que rolei de rir e fui contar para todos os meus amiguinhos. Mas a verdade é que eu saí do banheiro, lavei minhas mãos tranqüilamente e voltei para a aula, como se nada tivesse acontecido.

E este é mais um daqueles posts sem sentido algum.