domingo, 14 de setembro de 2008

Amor

Músicas da Disney. Alguns preferem-nas em inglês. Esta eu gosto bastante de ouvir no original. Mas um dia desses, voltando à rodoviária após uma curta porém proveitosa viagem, eu me pus a ouvir as mais de vinte músicas da Disney no meu MP3 - praticamente todas na versão em português, que em geral é a que eu prefiro. Esta estava entre elas. É tão linda e tão marcante. Mas naquele momento eu não pensei tanto nela como faria dali a três ou quatro dias, quando, relembrando sua letra, percebi tantos detalhes da minha vida escondidos em palavras bonitas.


No meu coração você vai sempre estar - Ed Motta
(You will be in my heart - Phil Collins)

Não tenha medo
Pare de chorar
Me dê a mão
Venha cá

Vou proteger-te de todo o mal
Não há razão pra chorar

No seu olhar eu posso ver
A força pra lutar e pra vencer
O amor nos une para sempre
Não há razão pra chorar

Pois no meu coração
Você vai sempre estar
O meu amor contigo vai seguir

No meu coração
Aonde quer que eu vá
Você vai sempre estar
Aqui...

Por que não podem ver o nosso amor?
Por que o medo? Por que a dor?
Se as diferenças não nos separam
Ninguém vai nos separar

E no meu coração
Você vai sempre estar
O meu amor contigo vai seguir

Não deixe ninguém
Tentar lhe mostrar
Que o nosso amor
Não vai durar

Eles vão ver
Eu sei...

Pois quando o destino
Vem nos chamar
Até separá-lo
É preciso lutar!

Eles vão ver
Eu sei...
Nós vamos provar que

No meu coração
Eu sei você vai sempre estar
Eu juro que o meu amor contigo vai seguir

No meu coração(dentro do meu coração)
Aonde quer que eu vá(onde quer que eu vá)
Você vai sempre estar(vai estar)
Aqui...

Aqui...
Para sempre...
Meu amor vai contigo
Sempre contigo...

Basta fechar os olhos
É só fechar os olhos
Quando fechar os olhos
Vou estar aqui...


- Tem um episódio de Pushing Daisies em que eles comentam que a pessoa, quando perde um membro, continua a senti-lo como se ele ainda estivesse lá. Aí o Ned fala para a Chuck que, quando ela está longe, ele sente ela como um membro amputado, como se ela ainda estivesse perto dele.
- Não faz sentido, não é? Se é assim, tanto faz se ela está perto dele ou não.
É. Então você não é como um membro amputado.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Fernando Pessoa em...

... Álvaro de Campos.

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.